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Quem vê palco, não vê bastidores

Atualizado: 11 de nov. de 2022

Escrevi esse artigo para contar um pouco da minha história, e como minha experiência com o #ballet clássico me ajudou a construir minha #resiliência, #força e formar a #mulher inabalável que me tornei.


Hoje eu quero compartilhar parte da minha história e contar como o ballet clássico me ajudou a construir minha #resiliência, #força e formar a mulher que me tornei.

Mulher que, para se tornar a Borboleta Profissional, passou por um longo processo de #metamorfose, que não é fácil... foi doloroso, sofrido, longo e difícil.

Eu fiz ballet durante muitos anos na minha vida. Tudo que me proponho a fazer, faço bem feito e prezo pela excelência. E com o ballet não foi diferente, eu era bailarina da Escola Estadual de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Tinha aula todos os dias e uma carga horária puxada. Não bastava a aula prática de ballet, eu tinha também aula de música, história do ballet, etc. Lembro de sair direto do colégio pro ensaio dos espetáculos de fim de ano no Theatro Municipal... eu ia almoçando no trajeto, pois minha aula terminava 12:15 e às 14:00 eu precisava estar de cabelo arrumado, coque feito, collant, meia calça, sapatilha, pronta para iniciar o ensaio. Atrasos não eram admitidos. A emoção de dançar no Theatro Municipal lotado compensava todas as horas, dias, meses de ensaios, dedicação, esforço, entrega e renúncia.



Muitas pessoas veem as bailarinas dançando leves e belas nos palcos, e não imaginam o que elas passam nos bastidores. As bolhas de sangue nos pés da sapatilha de ponta eram o de menos. Com o tempo, elas se tornavam calos e não doíam mais.

Iniciei o ballet com 3 aninhos na "baby class", em uma determinada idade, para continuar na escola do Theatro Municipal era preciso fazer uma prova. De uma turma de cerca de 40 alunas, somente eu e mais uma fomos aprovadas para ingressar na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. Tínhamos um boletim com avaliações periódicas, com notas para físico, técnica, arte, postura, comportamento.

A forma como éramos tratadas era muito distante da leveza e beleza vista nos palcos. Dia sim, dia também, pelo menos uma aluna chorava no final da aula. Não pela dor física. Mas pela dor emocional. Teve uma frase que uma professora disse para uma aluna, e apesar de não ter sido para mim, eu nunca esqueci: Ao gritos, para todas as alunas da turma ouvirem (a humilhação era pública), ela disse: "você pensa que tem cabeça só para usar coque? NÃO. É para pensar também."

Era nesse nível. Não sei como é hoje mas na minha época era assim.

Chegou um momento que precisei decidir, eu estudei em uma escola alemão, no Colégio Cruzeiro, que era bastante exigente, então não daria mais para conciliar tantos estudos com uma carga horária integral do ballet. Eu precisei tomar minha primeira decisão importante de carreira na adolescência, antes de iniciar o ensino médio: Me tornar bailarina profissional ou fazer vestibular para uma outra profissão.

Decidi seguir com os estudos, mas sei que o ballet me preparou, me fortaleceu e ajudou a criar uma casca anti-frágil em mim que, mais tarde, no mundo corporativo, me fez uma profissional quase inabalável. Tive chefes loucos, passei por situações de assédio moral, mas seguia firme e com a cabeça erguida. Assim como a bailarina que dança sorrindo com os pés - e muitas vezes a alma - sangrando.


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